Não compro o poema,
não compro o romance
e nem as Leis de Newton.
Compro o papel,
a tinta,
a mão de obra escrava chinesa.
Compro a forma (ó)
a forma (ô)
o invólucro.
Mas o segredo,
editorado e agenciado,
é sagrado e flutua
quem captura
um verso em rede?
Quem prende a metáfora
em linha de costura?
O que compro é a madeira,
só pra poder
beber a seiva.
- Caio Augusto Leite
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